A Transposição do Rio São Francisco.
Gravatá, 16/04/2010
Procurando minimizar minhas dúvidas quanto aos grandes equívocos em ações governamentais, em nosso país, corri atrás de informações, considerando que todos somos responsáveis, não só pela nossa cidade, como pelo nosso país, pelo nosso Planeta, etc. Assim encontrei um triste possível paralelo entre a iniciada Transposição do Rio São Francisco e o caos que vem crescendo desde 1960, ao Mar de Aral, Rússia, na Ásia Central, com a Transposição de parte das Águas dos seus principais Rios: O Amu Dária e o Sir Dária objetivando a irrigação de sete milhões de hectares de terras semi áridas.
Dez anos durou a euforia do "progresso". Mas, esta aparentemente benéfica Transposição está causando o maior desastre ecológico do Mundo, segundo vários Ambientalistas. Os quarenta anos seguintes têm sido de desolação. As pessoas foram forçadas a abandonar suas cidades na região. Sugiro uma pesquisa no “Google”, se o assunto lhe interessa como brasileiro, viajante da Nave Terra, como falava acertadamente o saudoso Carl Sagan. Nossa omissão e as más escolhas que fazemos ao votar são os maiores responsáveis pelos males que nos acontecem. É verdade que há grandes e influentes interesses em manter o “status quo”.
Os Russos, responsáveis pelo projeto, não são menos preparados que nós brasileiros. E eles falharam.
Qualquer semelhança com a Transposição do Rio São Francisco, certamente não será coincidência. A infeliz lição e exemplo foram dados, embora omitidos pela grande mídia.
Há alguns anos, sem conhecimento deste lamentável exemplo do Mar de Aral, já tinha conhecimento que o maior e mais importante Rio do Nordeste Brasileiro estava morrendo, como acontece a tudo, mesmo até o que a “Mãe Natureza” nos oferece, mas ante nossa tremenda ignorância, não cuidamos, ou cuidando mal levamos à MORTE ...
A Natureza é extremamente pródiga, mas espera uma contrapartida do Homem, seu grande dependente, em sua defesa, conservação e carinho, não apenas como agradecimento pelo muito que dela recebe, mas para a sua própria sobrevivência. É uma grande falta de conhecimento pensar, que podemos meter as mãos naquilo que nada fizemos para sua existência e muito menos, para sua manutenção. Isto começa, por exemplo, com o mal costume que muitos estão passando às suas crianças, de estourar as bexigas, após as festas de aniversários. Claro, que não são dádivas da Natureza, mas representam um esforço de alguém e isto deve ser respeitado. Um exemplo maior é o caso de uma horta. Temos que tratar sua Terra oferecendo-lhe a umidade e nutrientes necessários, para que produza. Exemplo mais pesado é à extração do petróleo. Atividade super lucrativa porque retiramos da Terra, estupidamente, até a exaustão, o que nela não colocamos. Em seu lugar deixamos tremendos bolsões, cheios de gases explosivos. O que podemos esperar desta incensatez? Estes bolsões podem desabar causando terríveis terremotos, maremotos, tsunames, ou ainda pior, grandes explosões dos seus gases, se a qualquer hora, um despretensioso fogo originado do centro da Terra, os atingir. As consequências são imprevisíveis.
Num macabro elenco de possíveis maus exemplos, não se pode excluir as agressões que fazemos também a nossa Atmosfera, o Verdadeiro Pulmão deste nosso Planeta. Sem o seu AR, não passamos dez minutos. O que estamos fazendo com ele? Do cigarro, às queimadas das florestas que o queimam e criam as venenosas Chuvas Ácidas? Do desmatamento, que impede a manutenção e renovação do AR e com outros elementos destroem nossa protetora Camada de Ozônio, agravam o Efeito Estufa, etc?
O que estamos fazendo com nossos Rios, grandes e importantes aliados? As ocorrências não são muito diferentes... No caso do nosso Rio São Francisco, de onde o governo federal, aparentemente numa medida que deveria beneficiar a Região Nordeste, pode agravar ainda mais e muito, a situação, uma vez que nada fez em favor de sua manutenção. Em consequência há décadas, o principal Rio da região vem sendo ASSASSINADO, como dissemos.
Veja o que temos feito para matar nosso importante Rio da Integração Nacional:
1- Desmatamos sua Bacia Hidrográfica. Isto diminui a precipitação pluviométrica, aumenta a erosão da área, provoca o assoreamento do Rio e ainda em consequência atacamos a fauna, a flora e assim, o equilíbrio ecológico;
2- Lançamos no Rio Rio São Francisco, os esgotos sanitários “in natura”, de 256 cidades ribeirinhas e de seus afluentes. Mesmo sabendo-se que é Crime Ambiental lançar na Natureza estes esgotos, sem que antes passem por Estações de Tratamento de Esgotos. Cada cidade, ou aglomerado populacional deve ter a sua, como têm a Estação de Tratamento d'Água. Com um sistema correto de Coleta, Transporte e Tratamento dos Esgotos serão eliminadas 90% das doenças infecto contagiosas e parasitárias existentes no Brasil... Como isto não interessa ao “lobby” dos laboratórios internacionais, fabricantes de remédios; tão pouco aos outros que dependem também da nossa falta de Instrução; de Segurança, de Moradia, de Emprego, apoiados por leis elaboradas e aprovadas por corruptos, mercenários, maus legisladores, que se locupletam com os famigerados e eternos “mensalões”, destas e de outras espúrias origens, que facilitam os saques às nossas riquezas e ingerências em nossa Administração. Se assim não fosse, nosso país seria um dos primeiros, do Primeiro Mundo;
3- Todavia, sabem que para aprisioná-lo ao Terceiro Mundo terão que iludir sua população, bastando combater OS EFEITOS das doenças, como fazem. Dão a impressão que estão trabalhando, recebem como se estivessem. Entre outras executam obras descartáveis que ainda multiplicam as doenças. Se quiserem implantar SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA PARA POPULAÇÃO, basta combater eficazmente, AS CAUSAS DAS DOENÇAS. Isto é: DOTAR A POPULAÇÃO DE OBRAS EFICAZES DE SANEAMENTO BÁSICO. Não é por acaso o insignificante percentual (não informam, mas estimo em 7%) das cidades brasileiras que dispõem de Estações de Tratamento de Esgotos. Destas, pouquíssimas recebem mais de 50% dos esgotos que teoricamente lhe são enviados, devido a má qualidade proposital dos Coletores e Emissários utilizados, principalmente nos últimos trinta anos, na Metade Norte do Brasil e dez, na Metade Sul;
4- Uma das provas que o nosso “Velho Chico” está morrendo é que seus peixes (todos de água doce, evidentemente) até 30 anos entravam e voltavam quilômetros de mar a dentro, em sua foz, graças a vitalidade do Rio. A penetração dos seus peixes no mar lhes permitia a busca de mais alimentos. Há muito, os peixes do mar é que em busca de mais alimentos entram e voltam quilômetros, Rio adentro. Não é possível que isto passe despercebido de nossas autoridades. É fundamental que se proceda competentes estudos sobre o assunto e se dê conhecimento a população. Que se evite em nosso Nordeste tão sofrido, a repetição do ocorrido com o Mar de Aral;
5- Sem o conhecimento deste fatos, como muitos era favorável a "Transposição", pelo benefício que um pequeno percentual de suas águas iria proporcionar as terras secas deste Nordeste. Mas, são muitos e generalizados, os erros cometidos pela nossa administração pública, a qual geralmente não se assessora de bons técnicos. Ao Administrador público, não lhe é cobrado o conhecimento generalizado dos assuntos que lhe cabe administrar, mas é imprescindível ao Bom Administrador, a humildade em saber assessorar-se de competentes técnicos. Não é por acaso que nosso Nordeste é a parte mais sofrida de um país de Terceiro Mundo mostrando que a Competência e a Seriedade apresentada pelos nossos administradores indicam que saber votar, não têm sido o nosso forte;
6- Estamos presenciando uma das maiores provas do que afirmo acima e o faço há algum tempo. Seria certamente, bem mais visível e mais facilmente evitável aos administradores, as construções sobre aterros sanitários e outras áreas de risco, como encostas de morros, margens de cursos d’água, etc., do que detectar e evitar os perigos das Transposições de Rios. Estes fatos desastrosos, no mínimo trazem lições, que necessitam ser assimiladas...
7- Todavia, em Saneamento Básico considerando que ainda existem pessoas no Governo que lutam por uma Superior Qualidade de Vida da População, que os interesses em contrário são muito fortes e que as principais obras para Saúde Pública não são prioridades sugiro ao Governo, por este intermédio, que se estude inicialmente a interceptação dos esgotos sanitários, utilizando-se matérias definitivos e ecológicos, antes que estes atinjam os Rios, em suas passagens pelas cidades, ou outros aglomerados populacionais, pelo que isto representa em comprometimento. Estes interceptadores, um em cada margem do Rio, se necessário, aproveitam seu desnível e ao final da zona urbana, considerando a expansão das cidades cheguem as Estações de Tratamento de Esgotos construídas com esta finalidade. Nelas são produzidos valiosos fertilizantes naturais, enquanto o liquido residual vai para o Rio, sem qualquer problema Ambiental. Desta forma teremos Rios Despoluídos a um custo reduzido, enquanto se providencia recursos para a segunda fase desta obra fundamental, embora escondida. Só assim poderá se construir nos Rios, os Mananciais necessários ao Abastecimento d’Água das cidades. Com o complemento oferecido pelas Estações de Tratamento d'Água, concluir-se-á a reciclagem ecológica dos esgotos. Desta forma se poderá beber água diretamente das torneiras e se estará contribuindo contra a Terrível Ameaça Mundial e particularmente nordestina brasileira, da Falta d’Água;
8- Numa segunda etapa volta-se as cidades e constrói-se a rede coletora de esgotos. Quase sempre por gravidade, os leva aos interceptadores já existentes;
9- Esta, com mais detalhes é uma das 13 sugestões que apresentei para serem inseridas no Plano Diretor de Gravatá, em 2006, com cópias às autoridades da cidade e à ASEAG – Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Gravatá, da qual sou associado. A esperança não era ver em um ou dois anos a implantação das mesmas, possivelmente não veria uma sequer, mas será imprescindível que as autoridades constituídas e futuras preparem e preservem os caminhos para sua implantação num futuro, mesmo que mais distante. Caso contrário, como pretenderam ardilosamente os elaboradores do Plano Diretor de Gravatá, a cidade continuará estagnada tendo apenas obras irrisórias, muitas das quais, bastante prejudiciais ao seu verdadeiro desenvolvimento, por décadas, ou mesmo, séculos;
10- Espero conseguir uma melhora em meu Blog para nele colocar como prometi, as sugestões que encaminhei para o Plano Diretor de Gravatá. Mesmo como primeiro Arquiteto e Urbanista ainda ativo de Gravatá, hoje aos 75 anos de idade tendo participado da elaboração e implantação de um dos primeiros Planos Diretores da Cidade do Recife, quando efetivo de sua Prefeitura fui Desenhista, Arquiteto e Urbanista por nove anos, nas décadas de 1950 e 1960, não tive o prazer de ser convidado e nomeado pela Prefeitura de minha cidade, sequer para compor o Grupo de 30 Gestores leigos, para acompanhar sua elaboração (também pudera, quem nomeava nem de Gravatá é). Mesmo assim, impus minha presença, apresentando minhas experiências, inclusive diversas viagens principalmente a trabalho e estudos a mais de uma centena das cidades dos Estados do Brasil e semelhante quantidade às cidades de 29 países. Muito elogiado pela consultoria contratada pela Prefeitura, ainda declararam “mui generosamente”, que minha presença naquele trabalho era uma honra para eles. Participei de todas Oficinas, procurando colaborar com o futuro de nossa cidade. Ainda convidei o Professor Zenildo Sena Caldas, meu colega de Faculdade e da Prefeitura da Cidade do Recife, coincidentemente professor da maioria dos Urbanistas da Empresa Consultora, responsável pela elaboração do “Plano Diretor”. Dr. Zenildo, também muito elogiado em suas sugestões, mas, de igual modo, nada que apresentamos fora aproveitado. Tudo informamos ao Prefeito, à Câmara de Vereadores e principalmente à ASEAG.
11- Protestamos o modo altamente tendencioso como o Plano Diretor de Gravatá fora aprovado nas dependências da Secretaria Municipal de Educação, nos retirando, eu e o Dr. Zenildo S. Caldas, da Última Oficina, Na Câmara Municipal de Vereadores foi aprovado desrespeitando duas leis Federais. Não levei o assunto ao Ministério Público, porque há poucos meses, fora arquivada uma denúncia que fiz talvez mais grave, não obstante haver seguido recomendação do Presidente Estadual do Ministério Público. Três anos depois, chegando ao conhecimento da Promotora Pública do Meio Ambiente o referido arquivamento, esta pessoalmente solicitou que reencaminhasse a denúncia, já sua conhecida, mas à sua Promotoria. Assim procedi, entretanto, apesar das tentativas de novos contatos telefônicos e por E-mails, não progrediu.
12- Disponho de diversos Relatórios sobre a elaboração do Plano Diretor Participativo de Gravatá, alguns dos quais poderão ser postados no Blog, para conhecimento de quem interessar.
Ainda sobre a Transposição do Rio São Francisco.
Na primeira quinzena de março, o Engenheiro João Bosco, pela segunda vez Secretário de Infra Estrutura do Governo de Pernambuco e Diretor Presidente da COMPESA - Cia. Pernambucana de Saneamento veio à Câmara de Vereadores de nossa cidade de Gravatá, anunciar nova verba para o reforço do abastecimento d'água da cidade. Se fez acompanhar por técnico que apresentou um demonstrativo técnico de pouca valia para população, em meu entender.
Sem que ninguém esperasse, o Secretário, em bom tom fez um forte desafio aos presentes, para que alguém mostrasse como conseguir água potável para este seco agreste, sem a Transposição do Rio São Francisco. Ao final foi bastante aplaudido e dada a palavra aos vereadores inicialmente, dos quais recebeu os elogios de velha prache, alguns pedidos de inclusão de abastecimento d'água para algumas localidades do município e também informações em relação as obras de esgotamento sanitário. A esta última respondeu que a maior necessidade é a água (o que não é bem assim, em meu entender), mas me mantive calado.
Tenho bastante simpatia pelo caráter do secretário e creio em sua vontade em acertar, no entanto discordo profundamente da política de Saneamento Básico imposta pelo Estado, desde o início da década de 1980. Como muitos sabem, Pernambuco foi líder regional na qualidade das obras de Saneamento Básico e o terceiro no “ranking” nacional, desde a presença holandesa no século XVII. Mas, em consequência do PIC Brasil Pernambucano, Pelo Avesso, apoiado por interesses muito estranhos, a partir da década de 1980, o Estado despencou da posição de Líder Nacional na Qualidade de suas Obras de Saneamento Básico, para Líder Nacional em Esgotos a Céu Aberto e em Poluição de suas Águas e da Atmosférica. Ver o Diário de Pernambuco de 14 de maio de 2005. Por estes motivos, ao chegar à Câmara, antes do início da reunião pedi ao seu coordenador, o Vereador Joedson Ricardo, que após a exposição do Secretário me fosse concedida à palavra. Só ao final, com atraso no horário me fora dado dois minutos para expor o que o tempo permitisse.
Iniciei registrando, que desde sua gestão anterior, tenho observado seu esforço em acertar, mas, em meu entender, o resultado tem sido desastroso, considerando-se também o aumento vertiginoso das doenças infecto contagiosas, dos casos de câncer e muitos outros males. Aproveitei o pouco tempo restante para informar que aceitando o seu desafio, lembrava que uma das soluções para o reforço do Abastecimento d'Água seria a reciclagem dos esgotos. Para que ninguém se assustasse, informei que esta prática é exercida à séculos e milênios nos países desenvolvidos. A população toma água diretamente das torneiras e as doenças existentes naqueles países não ultrapassam os 10% das que existem aqui. Muito mais teria para expor, que tem passado despercebido do governo e tem feito imensuráveis estragos à Saúde e em consequência à Qualidade de Vida da População, mas, “o tempo” não permitiu.
Em resposta, o Eng. João Bosco, delicadamente agradeceu minhas palavras, afirmou o reconhecimento pela minha luta e informou, que o Saudoso Governador Miguel Arraes, sempre se mostrou favorável aos produtos da Cerâmica Gravatá S.A. (contudo, certamente obedecendo ordens do Governo Federal, que já obedecia ordens externas usou mesmo foi o descartável e cancerígeno PVC). Não se referiu a reciclagem dos Esgotos.
No final da reunião tive que me retirar as pressas, por estar bastante atrasado para outro compromisso. Não me fora possível cumprimentá-lo, como também, os organizadores do evento, o que espero que aceitem agora, MEUS CUMPRIMENTOS.
O mesmo faço, juntamente à Cerâmica Gravatá S.A.: Aos Holandeses; Ao Sanitarista Engenheiro Francisco Saturnino de Brito, e Aos Diversos Governos de Pernambuco, nas sete primeiras décadas do século XX, os quais elevaram o Estado de Pernambuco, à posição nacionalmente alcançada, também na Saúde Pública.
Gravatá, 02 de abril de 2010
Walter Denis de Barros Dias
Diretor Presidente da Secular
Cerâmica Gravatá S.A.
C/ a Produção parada há mais de 13 anos
Visite o Blog: walterdenis.blogspot.com
E o Site: www.ceramicagravata.com.br
deWalter Dias
em 02/04/2010 as 20:41’, CCO para: Foi?